Autodemarcação no Tapajós é a resposta aos grandes projetos Hidrelétricos para região
Posted: November 13th, 2014 | Author: Amazônia em Chamas | Filed under: Mundurukania | Comments Off on Autodemarcação no Tapajós é a resposta aos grandes projetos Hidrelétricos para regiãoCansados, após 13 anos de espera pela Fundação Nacional do Índio (Funai), indígenas da etnia Munduruku iniciaram a autodemarcação da terra indígena Sawré Muybu, localizada nos municípios de Itaituba e Trairão, oeste do Pará. O local fica a poucos quilômetros da área prevista para a construção da usina de São Luiz do Tapajós, de 8.040 megawatts.
Com facões, enxadas e auxílio de GPS, adentraram a mata fechada, fincando picos nos principais limites da TI. De forma independente, cercam o território historicamente ocupado pela etnia.
Para dar visibilidade a essa luta tão custosa dos Munduruku, construímos um espaço especial sobre o assunto. Na página Autodemarcação no Tapajós publicaremos conteúdos (textos,vídeos, áudios e fotos) sobre a saga de um povo pelo direito de permanecer na sua terra.
A primeira matéria do blog apresenta a resposta de Ademir Kaba, professor, sociólogo e liderança Munduruku do Movimento Ipereg Ayu, à afirmação leviana do Chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho – responsável pela ponte entre o Planalto e os movimentos sociais. Em entrevista para a BBC, o ministro disse que existe uma equipe do governo na região tentando implementar a Convenção 169, mas há sabotagem por parte de entidades para que isso não aconteça. Ademir o desmente. Para ler entrevista e matéria: “Ele é um canalha”- Liderança Munduruku responde a entrevista de Gilberto Carvalho
Entenda mais
O Relatório Circunstanciado Integrado da terra indígena está pronto desde setembro de 2013 e deveria ter sido publicado no Diário Oficial da União para a continuidade no processo de demarcação, o que não aconteceu. Estava NA MESA da ex-presidente da Funai, pronto para homologação, mas não foi assinado.
Em setembro deste ano a presidente da Funai se reuniu com lideranças do alto e médio Tapajós em Brasília. Como pauta da reunião estava a demarcação da terra indígena Sawré Muyby. Maria Augusta disse com todas as palavras aos indígenas que a publicação do relatório ainda não aconteceu porque o lugar fica “localizado em uma área de empreendimentos” e a Funai junto com outros Ministérios estaria estudando formas de conciliar a demarcação com os empreendimentos hidrelétricos na região.
A conciliação é inviável para os indígenas: “Como que o governo faz barragem e quer dizer que não vai chegar na gente aqui? Estamos demarcando nossa terra aqui. Vamos até o fim da autodemarcação. A gente quer a nossa terra demarcada. A gente não quer barragem”, afirma Juarez Saw, cacique da aldeia Sawré Muybu.
Maria Augusta prometeu que voltaria a se reunir no final de outubro para dar retorno sobre a publicação do relatório aos indígenas, mas abandonou o cargo antes disso sem se manifestar sobre a demarcação.
Devido à morosidade, os indígenas se reuniram e decidiram por conta própria colocar limites no território. “Já é tempo demais de espera pela Funai. A gente sabe que se depender deles essa demarcação não vai sair por causa dessa barragem aí. Então tem que ser nós mesmo”.
A autodemarcação segue sem data para acabar.