Texto 1 sobre a manifestação do dia 24/06/2013 Belém

Posted: June 25th, 2013 | Author: | Filed under: Geral | Tags: | Comments Off on Texto 1 sobre a manifestação do dia 24/06/2013 Belém

Nota nº 1: Esclarecimentos sobre o ocorrido em 24/06/2013

O que vamos escrever aqui não irá passar em nenhum jornal de grande circulação que tem diversos interesses financeiros e políticos, por isso, compartilhe, divulgue, seja mídia você também.
Gostaríamos de esclarecer à população de Belém os acontecimentos do dia 24/06/2013 durante a manifestação organizada pelo Movimento Belém Livre. Ao longo do percurso, que saiu de São Brás rumo à Prefeitura Municipal de Belém, a manifestação ocorreu de forma pacífica, com várias palavras de ordem e cartazes pedindo pela redução e congelamento da tarifa, pelo passe livre para desempregados e estudantes, pela melhoria na qualidade do transporte público, por melhores condições de saúde e educação, contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte, contra a PEC 37, pelo Fora Feliciano, entre outros.
Chegando na Prefeitura, lemos e entregamos uma carta na qual constavam nossas reivindicações (vide link) para Wolf Endemann, que se identificou como assessor do Prefeito Zenaldo Coutinho, todas essas reivindicações foram tiradas em assembleia popular realizada no dia 23/06/2013 na praça da Republica. Durante este momento fomos informados que dez pessoas foram detidas sem causa aparente durante o ato.

COMO TUDO COMEÇOU
Por meio de jogral, convocamos o Movimento para ir até a frente do Fórum Cível cobrar explicações do motivo da prisão arbitrária. Chegando lá soubemos que duas pessoas já tinham sido levadas para a Divisão de Investigações e Operações Especiais (DIOE) e as oito restantes estavam em um micro-ônibus em frente ao Fórum, com objetivo de serem encaminhadas ao DIOE e à Divisão de Repressão ao Crime Organizado (DRCO).
Na Frente do Fórum questionamos quais eram as acusações que justificavam a detenção dos manifestantes, mas não obtivemos nenhuma resposta. Ao vermos que o micro-ônibus ia sair com os manifestantes presos e, sem que a polícia nos respondesse os motivos, decidimos sentar na frente do ônibus e fazer um cordão humano de isolamento para evitar a saída do ônibus.
Iniciou-se uma negociação com a polícia para que liberássemos a passagem do microônibus, com a mediação de um defensor público, Adriano Souto Oliveira, e um advogado vinculado a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PA), Antônio Grain Neto. Ao percebermos que a maioria dos Policiais Militares estavam sem identificação, questionamos isso para o referido advogado e para o defensor, os quais afirmaram ser ilegal essa prática e sugeriram que filmássemos os policiais sem identificação para que pudéssemos ter a possibilidade de entrar com uma ação na justiça.

A MENTIRA E A TRAIÇÃO
Durante a negociação, foi acordado que liberaríamos a passagem do ônibus com a condição de irmos à delegacia e que o ônibus iria lentamente para que nós pudéssemos acompanhá-lo caminhando. Isso foi garantido pelo subsecretário de Segurança Pública do Estado, coronel Mário Solano, que também estava presente na negociação. Neste momento, assim que abrimos a passagem, o micro-ônibus arrancou em velocidade e descumpriu o acordo que acabava de ser firmado (o qual temos a gravação). Isso nos causou revolta e vários manifestantes correram e sentaram na frente do ônibus novamente. O comandante da Tropa de Choque (que também estava sem identificação) gritou: “Desce bala em todo mundo”.

A REPRESSÃO E O AUTORITARISMO DA POLICIA NA CIDADE VELHA
O micro-ônibus tentou dobrar na rua João Diogo. A partir daí se iniciou intensa repressão aos manifestantes que tentavam se aproximar do ônibus para que o acordo fosse cumprido. Foram utilizados cassetetes, spray de pimenta, várias bombas de gás lacrimogêneo e até mesmo balas de borracha. Um outro grupo seguiu pela 16 de Novembro e subiu a Ângelo Custódio. A Tropa de Choque seguiu em formação e jogava bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha por toda a 16 de novembro. Neste momento, construímos uma barricada na Tamandaré com a 16 para evitarmos o avanço e ataque da polícia, que intensificava a violência a medida em que se aproximava de nós. Neste momento a polícia militar, a Tropa de Choque, a Cavalaria e a ROTAM tentaram nos cercar na Tamandaré. No desespero, o grupo se dispersou e corremos desordenadamente por todos os lados. Encurralaram-nos em paradas de ônibus, postos de gasolina, bares e supermercado. Atiravam balas de borracha, ameaçavam e xingavam qualquer pessoa que achassem que era manifestante.
O maior grupo conseguiu se abrigar na garagem de um supermercado na rua São Francisco. Um enorme contingente policial fortemente armado cercou o supermercado e entrou na garagem atirando. Em pânico, o grupo subiu para a loja e um batalhão armado os seguiu. Arbitrariamente escolheram pessoas para serem detidas em uma ação racista, fascista e opressora. Foram 7 pessoas detidas no supermercado, dentre os quais a maioria eram negros e nenhum portava absolutamente nada que os pudesse incriminar. Mesmo assim, os grandes veículos de comunicação os caracterizaram como ladrões, baderneiros e vândalos. Isso mostra uma clara intenção de criminalizar os movimentos sociais no Brasil e isso não toleraremos.

O RECADO
Repudiamos a ação violenta do governo estadual e de sua polícia que abusa de seu poder contra os manifestantes e mantém impune os policiais responsáveis pela morte da gari Cleonice Vieira de Moraes.
Informamos ao prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, ao governador do Estado, Simão Jatene, e sua polícia repressora que vamos continuar com nossas manifestações até que todas as nossas demandas sejam atendidas.
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